quinta-feira, 8 de abril de 2010

Abril mês, único e indescritível

Nenhum momento da minha vida foi tão ou mais significativo do que o nascimento das minhas filhas. De igual o mês de abril, a emoção e o amor com que as recebemos, mas cada uma a sua maneira, única e indescritível. Os anos se sucederam, a vida seguiu o seu curso normal, vieram os cabelos brancos, meus e da Eliane, querida companheira de uma vida toda, enquanto elas, Arícia e Alana, deixaram a infância, passaram e passam pela adolescência, cada uma a sua maneira, única e indescritível. Anos felizes, muito felizes, únicos e indescritíveis. Vê-las crescer, observar nelas nossos traços, observar nelas traços únicos, foi e está sendo um presente de Deus, único e indescritível. Oh Mês de Abril, contigo mudei prioridades, valores, passei a ver o mundo por um outro viés, único e indescritível, contigo me tornei pai. Abril mês único e indescritível. Abril o meu mês, o nosso mês.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

O jogo dos dedais

Há alguns anos atrás era muito comum encontrarmos no centro Santa Maria, assim como em tantas outras cidades brasileiras, o jogo dos dedais, onde uns espertalhões tomavam, com muita facilidade e rapidez o dinheiro dos que se aventuravam em apostas. Cabia aos vigaristas esconder uma bolinha de espuma em um dos três dedais presos aos dedos de uma das suas mãos e ao apostador descobrir em que dedal ela estava. O operador do jogo deslizava as mãos sobre um tabuleiro ao mesmo tempo que, com uma conversa fácil convincente desafiava os transeuntes a participarem do jogo. Os desavisados paravam e observavam os movimentos dos dedais sobre a mesa, logo caiam na tentação do dinheiro fácil, pois tinham a certeza de onde estava a bolinha. Não adiantava, naquele jogo nunca se ganhava, sempre se perdia. Lembro-me que um amigo aprendeu este jogo e o fazia, não por dinheiro, mas com brincadeira para divertir os colegas, nunca acertávamos embora sempre tivéssemos certeza de onde a bolinha se encontrava, ele virava o dedal e nada, a bolinha não se encontrava ali, nos dava mais uma chance e mesmo assim nada. Nunca ganhamos, nunca ninguém ganhou. O tempo passou e os tabuleiros de dedais sumiram, meu amigo, como todos nós ganhou idade, e perdeu a habilidade, nunca mais fez o jogo dos dedais, mas também nunca não contou como nos enganava.

É assim que me sinto em ano de eleição, como um transeunte que se encanta com o jogo dos dedais e se aventura na aposta. Neste jogo os políticos ocupam o espaço dos espertalhões e eu o papel do apostador. Independente da escolha vou perder, independente da escolha todos nós vamos perder, sempre é assim, o jogo é assim, a nossa política é assim, grande parte dos nossos políticos tomaram este rumo. Tal qual o jogo, nos deixamos iludir, caímos na conversa fácil, fazemos nossas apostas e perdemos. Os noticiários estão ai, diariamente comprovando esta dura realidade, diariamente escancarando escândalos envolvendo nossos políticos, nossos representantes, em desvios de verbas, tráficos de influência e em tantos outros delitos, de fazer inveja a muito mafioso. Os políticos que escapam desta sina criminosa, não escapam da tentação de colocarem os seus interesses partidários, os seus interesses particulares e a sua sobrevivência junto ao poder, acima dos interesses do povo que os elegeram, e assim, continuo perdendo, continuamos perdendo.

Com o tempo a polícia tirou de circulação muito destes vigaristas, as pessoas se deram conta do golpe e deixaram de bancar apostas e as bancas de jogo dos dedais sumiram. Tenho a esperança de que a justiça brasileira um dia tire de circulação muitos destes políticos corruptos, e que o povo um dia deixe de bancar apostas nas urnas e passe a votar com consciência e discernimento, e que finalmente tenhamos governantes honestos e verdadeiramente comprometidos com os interesses do povo e com os do país. Espero ver isto um dia, quero muito ver isto, quero poder olhar para as minhas filhas e dizer: vocês vivem num país justo.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

A violência e as torcidas organizadas

O lamentável incidente promovido, por uma das torcida organizada do Coritiba, depois da última partida do Campeonato Brasileiro, contra o Fluminense, nos leva a refletir e a discutir a questão das torcidas organizadas e a responsabilidade dos clubes pelos atos de violência por elas praticados.

Invariavelmente todos os atos de violência e vandalismo que ocorrem antes, durante e depois das partidas de futebol contam participação ou o envolvimento de membros das torcidas organizadas. Sem real compromisso com os clubes e desprovidos de qualquer espírito esportivos muitos destes ditos torcedores não sabem conviver com derrotas e com adversários, frustrados ou contrariados respondem com violência e, por vezes, com atitudes de extremo o racismo e intolerância.

E até onde vai a responsabilidade dos clubes por suas torcidas organizadas? Na medida em que estas torcidas contam com o incentivo, abrigo e principalmente com o subsídio financeiro dos clubes, estes indubitávelmente devem assumir a responsabilidade pelos atos praticados por tais torcedores. Cabe aos clubes criar meios eficiêntes para exercer  o controle e a fiscalização sobre as suas torcidas organizadas, ou fechar as portas dos seus estádios para as mesmas.

Os atos de barbárie praticados no Couto Pereira somados a tantos outros atos de violência, praticados por membros de algumas torcidas organizadas em várias cidades brasileiras, nos levam a discutir a extinção destas torcidas ou no mínimo no endurecimento das leis para combater estes torcedores criminosos. Não podemos conviver mais com esta violência descabida e injustificada, o esporte tem o propósito unir e não dividir pessoas, de proporcionar a paz e não a violência, a dor e ódio.

A punição imposta ao Coritiba pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) foi sem dúvida justa e exemplar. Que os demais dirigentes de futebol  ponham as suas barbas de molho.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Só nos resta protestar

Difícil abrir um jornal onde não esteja estampado mais um caso de corrupção, o caderno de política se confunde com o caderno policial, políticos se confundem com marginais. Perplexos, perguntamos: até quando vai isto? Até sempre...

Ai, tal qual Dom Quixote de La Mancha marchamos contra os moinhos de vento, nos vestimos de preto, pintamos a cara e, armados de fervor cívico, na crença de que somos politicamente conscientes, esbravejamos palavras de ordem, ocupamos assembléias, praças públicas, lavamos escadarias, protestamos e retornamos para nossas casas com a consciência tranqüila... fizemos a nossa parte.


Não acredito em protestos, são ineficientes, sempre foram e sempre serão. Os alvos de nossa ira e indignação, que hoje permeiam as roda do poder, estarão no poder amanhã e depois de amanhã e estarão sempre, pois tiveram o nosso voto, a nossa confiança e sempre o terão. Nossa memória é curta, não nos preocupamos com política, ao menos em época de eleição, afinal: tem coisa mais chata que programa eleitoral?

O protesto é um remédio que alivia a dor mais não cura a doença. O voto cura, mas este remédio uns não o sabem aplicar, outros não o querem e a maioria não se preocupa em aplicá-lo, assim nos resta o protesto, sempre nos restará o protesto, ineficiente, mas nosso único recurso e depois... voltaremos para as nossas casas com a consciência tranqüila... fizemos a nossa parte.

A propósito, em quem você votou na eleição passada?